Festas e Romarias

As Festas Populares e Religiosas

Em Alagoa, em todas as festas reinava a alegria e o divertimento. Eram todas diferentes, pois cada uma tinha a sua razão de ser e em cada uma se comemorava um acontecimento ou uma data. No decurso do ano existiam três festas principais: A Senhora do Pé da Cruz, o S. João e a Senhora do Rosário. 

Quando as datas destas festas se aproximavam, era semeado centeio e cevada, para se ter abundância nas comemorações. Na véspera ou até mesmo no próprio dia, as raparigas, depois de virem do trabalho, iam compor o altar da igreja, para a missa e procissão, nas quais toda a população comparecia.

A primeira festa era a Senhora do Pé da Cruz. No dia da festa, os festeiros iam convidar as “madrinhas de bandeira”, que eram três raparigas que iriam participar na procissão realizada no São João, a mais baixa iria ao meio e levava a bandeira no início da procissão. As outras duas, de altura semelhante, levavam as lanternas laterais. Nesse dia à noite as “madrinhas de bandeira” iam a casa dos festeiros comer uma taça de arroz doce.

Ao contrário do que se pode imaginar, o São João em Alagoa não era comemorado no dia do santo mas em finais de Agosto, depois de acabarem as ceifas. Até se costumava dizer que o São João de Alagoa era coxo por andar sempre atrasado. Fazia-se então uma procissão com todos os preceitos e com muita intensidade e significado. Também se faziam pequenas fogueiras pelas ruas e uma grande no Largo do Rossio. Nesse tempo, embora as raparigas trabalhassem arduamente durante o dia, quando largavam o trabalho iam caiar e enfeitar com flores algumas das fontes da aldeia, especialmente a Fonte Velha. À meia-noite, um elemento de cada família ia à fonte encher um cântaro de água – a água de S. João. Era também à meia-noite que se queimava a tradicional boneca de S. João feita de trapos e giestas com bombas no interior. Com o rebentar das bombas, as raparigas dançavam e cantavam em redor da fonte. Dava-se também início ao baile no Largo do Rossio, onde muitas vezes se dançava toda a noite ao som de vozes que raramente se cansavam. Aliás quase todos os bailes aconteciam não com tocadores mas apenas com pessoas que cantavam, mesmo sem música. E quando havia tocador, e estes terminavam a sua actuação, tal não significava o fim do baile!